domingo, 11 de setembro de 2022

Industrialização e a caça às bruxas

 


A industrialização na Europa se deu a partir do século XVIII e frequentemente é denominada Revolução Industrial. No entanto, estudos recentes apontam que houve apenas transformações técnicas que aprofundou desigualdades e não ampliou o poder político das maiorias. Sem melhoria de vida, tiveram a tecnologia favorecendo a acumulação de capital apenas para uma classe social – a burguesia nascente. 

Neste período houve uma transição no modo de vida da população que vivia do cultivo dos campos livres pelos servos-camponeses nos feudos medievais para um processo de cercamento dos campos, também denominado “privatização dos campos livres” que por sua vez, levou a expulsão dos servos-camponeses das suas terras e casas para as fábricas. 

Nestas fábricas os artesãos foram desapropriados de suas tecnologias que antes era usada em suas casas e que foram levadas para as fábricas, com mulheres e crianças, que também passaram a trabalhar e muitas vezes morar nas fábricas, despejadas de suas terras com o aumento de aluguéis, guerras frequentes e epidemias, nascendo uma nova classe social – o proletariado.

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Paradoxalmente, os servos-camponeses conquistaram direitos ao longo da idade média, como foi o caso das mulheres, que por exemplo, conquistaram uma pensão quando engravidavam. Nas fábricas, além de perderam suas casas para as indústrias, perderam também direitos mínimos de sobrevivência. 

As consequências foram o aumento dos preços dos alimentos, o disciplinamento violento dos corpos por parte dos donos das fábricas, a perda de moradia e de direitos.

 Além disso, o estado absolutista em sua aliança com a igreja, passou a promover a caças às bruxas como forma de disciplinar corpos impondo regras matrimoniais e promovendo a eliminação do corpo feminino com a prostituição, a violência sexual, o terror com castigos físicos, tais como agulhamento, queimaduras, raspagens e  morte na fogueira.  

Para as  mulheres europeias neste período, foi imposta a hierarquia social e de gênero, criando-se uma visão eurocêntrica exportada para o mundo com a desigualdade,  escravidão,  misoginia e  racismo.

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Fontes:

Hobsbawn E. Soboul. A. Lefebvre, G. "História, Capitalismo, Transição". Ed. Eldorado, 1974.

Federici, Silvia."Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva". São Paulo: Ed. Elefante, 2017.