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Fontes Históricas
As Fontes Históricas são materiais pesquisados pela/o Historiador/a para estudar as ações do Ser Humano ao longo do tempo. Para que a pesquisa seja mais próxima da verdade, o/a historiador/a precisa consultar diversas Fontes. São objetos e ações as fontes deste estudo, e são definidas como lugares de Memória.
Os lugares de memória materiais são fontes de pesquisa diversas que a/o historiador/a precisa pesquisar tais como arquivos, museus, bibliotecas, arquiteturas, peças arqueológicas, espaços culturais, galerias, entrevistas, bairros, podem ser considerados fontes históricas de natureza material.
Exemplos de Fontes de natureza imaterial são as formas de expressão cultural, modos de criar, fazer e viver por exemplo. A capoeira, os alimentos, gostos são exemplos de fontes de pesquisa imateriais.
As Fontes Históricas materiais são as criações artísticas, científicas e tecnológicas e são obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais, além de conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico e ecológico que precisam ser identificados e interpretados historicamente.
Estes objetos de memória individuais, são fontes históricas ou coletivas e são parte do Patrimônio do Ser Humano e possuem natureza material e imaterial.
Quanto mais diversas forem as fontes e quanto mais estas fontes se cruzarem numa leitura atenta ,relacionada aos lugares e contextos históricos (ou paisagem histórica), mais a possibilidade do encontro da veracidade histórica. Por isso existe um método de análise para cada Fonte Histórica. Disso falaremos depois.
Com o advento da internet, temos muitas fontes históricas falsificadas, as denominadas Fake News. Para garantir a veracidade ou não das Fontes Históricas, os historiadores estudam constantemente e atualizam métodos de análise sobre a veracidade ou não destas fontes, que se baseiam em perguntas a cada uma das fontes.
A base das perguntas da Ciência Histórica, provém da base de toda Ciência e faz parte da origem do Conhecimento. Como exemplo, temos as perguntas que fazemos a partir da leitura do Mito da Caverna de Platão, escrito por Sócrates, são elas: onde, quando, quem, por quê e como. Estas bases são importantes meios para construirmos nossa Cidadania, pois tornam o Conhecimento sobre o Ser Humano mais sólido para construirmos uma História justa de todas e todos.
Recentemente muitos programas de televisão, canais e livros passaram a fazer sucesso com dicas e receitas de pratos com formatos interativos. Cozinhar passou a chamar atenção por conta dos canais e redes sociais, onde as pessoas criam, preparam e compartilham seu alimento.
A alimentação vem ganhando atenção por parte dos historiadores. Saber o que as pessoas comem é também uma forma de percebermos a organização social, política, cultural e econômica das pessoas em tempos e lugares diversos.
No Brasil, muitas foram as privações dos povos indígenas e africanos com a escravidão. O trabalho exaustivo em grandes lavouras com castigos, a distância dos familiares, com proibição de cultivar a sua própria fé, culturas e seus alimentos, estavam presentes no cotidiano.
Dessa forma, vou contar a História do acarajé para vocês. Veremos um pouco do percurso que o acarajé fez e o quanto combina com a nossa História. O Acarajé que chegou da África ao Brasil com os negros escravizados e conta uma história de religião, liberdade e também de preconceito. Comida de santo e de rua, o acarajé é um bolinho feito a partir do feijão fradinho triturado e batido. Frito no azeite de dendê, é um alimento complexo como a sua própria História. Como boa parte de nosso patrimônio cultural, o acarajé cruzou o Atlântico em navios Negreiros para chegar ao Brasil entre o século XV e XIX.
Surgiu na região da África ocidental onde ficam países como Togo, Benin, Nigéria e Camarões. Africanos aprisionados eram comprados no litoral da África para serem escravizados na Europa e aqui na América. O embarque dos negros era feito no litoral da África, de países como Senegal, Benin, Nigéria, São Tomé e Príncipe, Guiné, Angola e Moçambique.
Oficialmente desembarcaram nos portos do Brasil, mais de 12, 5 milhões de africanos, onde a riqueza de nosso país foi construída por mãos indígenas e africanas. Diversos estudos tem sido feito para que possamos conhecer mais como foi este tráfico e, impedir, através do conhecimento, que haja mais violência em nosso país.
No Norte da África, temos a a população árabe que trouxe muito conhecimento científico para o Ocidente. Eles também cultivam até os dias de hoje um bolinho muito parecido com o acarajé, o falafel. Ao chegar no Brasil, o acarajé esteve presente em diversas cidades do litoral, como Salvador e Rio de Janeiro.
Com as Baianas do Acarajé, que a cultura do acarajé será popularizada. Vestindo uma indumentária própria, e hoje considerada um patrimônio cultural, tanto no âmbito religioso de matriz africana, quanto na cultura e na economia. As mulheres baianas vendiam o acarajé nas cidades e levavam o dinheiro do seu ganho para os seus senhores escravistas. Eram "escravizadas de ganho", que se tornou também uma profissão.
No período da escravidão, as mulheres que foram escravizadas de ganho, além de vender seus bolinhos para levar dinheiro aos seus "donos", juntavam dinheiro para comprar alforria e conquistar a liberdade. Nas rebeliões, as baianas de tabuleiro tiveram papel importante, pois espalhavam informações em bilhetes com dia e horário de algumas rebeliões, nas quais tivemos grandes mulheres que destacavam nessas lutas, como foi o caso de Luísa Mahin , ( que além de ser mãe de Luís Gama), participou ao menos de duas rebeliões neste período, tais como a Revolta dos Búzios( 1822) e a Rebelião dos Malês(1835) na Bahia. Nessa última, distribuiu bilhetes com a frase " morte aos brancos, e viva Malês!"
Na virada do século XIX para o século XX, tivemos a Tia Ciata, que também era Baiana de tabuleiro e ajudou a fundar o que conhecemos de "Pequena África " no Rio de Janeiro, com seus bolinhos, reuniões e batuques que reunia choro, samba e religiosidade afro-brasileira no Centro do Rio de Janeiro.
A História dos alimentos, nos ajuda a conhecermos uma versão cotidiana e popular da nossa História, com os cheiros e sabores dos alimentos, que tanto nos inspiram a liberdade no dia a dia a partir deste período histórico...Por isso, alimentar-se melhor também significa apoiar pequenos agricultores, redistribuir renda e terra, respeitar o meio ambiente, nutrir o mundo com comida de verdade, e da necessidade de conhecer a política e a economia de diversas pessoas, culturas e povos. Isso também significa sustentabilidade.
Escreva em seu caderno uma receita de um alimento que você conheça e que respeite a natureza, respeite a saúde e seja plantado e vendido em nosso país. Se puder, combine um dia e compartilhe sua receita em nossa aula
No processo histórico de âmbito internacional que se refere a passagem do século XVIII para o século XIX, verificamos a primeira grande crise do Sistema Capitalista. A partir dessa crise de 1870, as burguesias dos estados nacionais europeus propõem como saída, a segunda industrialização e o neocolonialismo, a nova fase da corrida imperialista.
A industrialização teve como objetivo, o aumento do lucro dos donos das fábricas, bancos e estados nacionais com suas associações, tais como o monopólio e o oligopólio, e se pautou no aumento da exploração do proletariado industrial na Europa e na exploração colonial de países não europeus - o neocolonialismo.
Para isso as classes dominantes europeias vão se valer da construção de ideologias para domínio e subalternização das diversas populações asiáticas, americanas e africanas a partir das ideologias racialistas/racistas.
Essas ideologias são pensadas como "falsa consciência", tal como preconizou Karl Marx, ao estudar o funcionamento do Capitalismo. Com intuito de alavancar o racismo a partir da sobreposição de teorias específicas que são retiradas de seu respectivos contextos, nas quais são construídas e generalizadas como instrumentos racistas de dominação colonial. Tais ideologias racialistas, partem por exemplo de teorias como a de Charles Darwin, da teoria da "seleção natural" a partir da observação das plantas. Mas a partir de 1860 a construção do Darwinismo social, retirava essa teoria da biologia transpondo-a para as ciências sociais como ideologia, que se desenvolveu a partir da concepção de que havia uma "seleção natural" entre os Seres Humanos e que "os mais fortes" se sobrepõem aos "mais fracos", criando binômio civilização X barbárie, selvagens X desenvolvidos e justificando assim, uma relação colonialista de homens brancos sobre os demais grupos populacionais.
Neste mesmo contexto, tivemos ainda o nascimento da teoria de Malthus, uma teoria populacional, que para as ciências humanas, surge com o neomalthusianismo - a afirmação de que a população aumentava em escala geométrica (2x2x2x2), enquanto a quantidade de alimentos aumentava em escala aritmética( 2+2+2+2). Ao entender a população como uma equação, afirmavam que não haveria alimentos para todos e por isso justificava a esterilização em massa das mulheres, controle da natalidade, submissão de populações, guerras e massacres com a colonização.
Entre as diversas ideologias racistas que passou a ser difundida neste período, uma destas foi baseada em Artur de Goubineau, que preconizava a separação entre as raças, o que levou a regimes de apartheid e criação de ódio racial/social com a discriminação racial, e separações populacionais aprofundando o papel das ideologias até os dias atuais.
Outra ideologia muito difundida foi a do positivismo, a partir das ideias de A. Comte, que passou a discriminar populações entre consideradas "mais ou menos evoluídas" exaltando o papel dos "mais evoluídos" para alavancar uma evolução social como se os "mais evoluídos" tivessem que carregar um fardo de evoluir toda a sociedade.
Estas e outras ideologias racistas nascidas sob o Capitalismo de fase imperialista no século XIX, serão base dos Estados Nacionais e levarão às grandes guerras de cunho neocolonial no século XIX e no século XX, e até os dias atuais são a base dos estados nacionais, que carregam o racismo na estrutura das sociedades.
Ouça o mesmo texto em:
https://anchor.fm/fabola-lendo-histria/episodes/Imperialismo-o-neocolonialismo-e-o-racismo-e2aff4l
Fontes:
ANDREWS, K. Anova era do império: Como o racismo e o colonialismo ainda dominam o mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2023.
CÉSAIRE, A. Discurso sobre o colonialismo. Lisboa, Ed. Présence Africaine, 1955.
FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.
KONDER, L. A questão da ideologia em Marx. In: KONDER, L. A questão da ideologia. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
SANTOS, Ynaê Lopes dos. Racismo brasileiro: uma história da formação do país. São Paulo: Todavia, 2022.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Lima Barreto: triste visionário. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças. Cientistas, instituições e questão racial no Brasil, 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
MARX, K. Capítulo 1. A mercadoria. In: MARX, K. O Capital: crítica da economia política. Livro I. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2017.
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