Com Josina Maria
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
Sobre algumas nações africanas às vésperas da expansão marítima europeia
As diversas nações
africanas viveram uma profunda militarização neste período e guerreavam entre
si. As riquezas eram muitas, as guerras atravessaram a expansão europeia e
chegaram ao Continente africano. Antes mesmo da chegada dos europeus, algumas
nações já vendiam prisioneiros de guerra para trabalhar como escravos em outras
nações africanas, principalmente as mais próximas do norte da África, em sua
maioria islamizadas. No entanto, foi com a experiência de troca com Portugal
sob o Reinado de D, Manuel I, que o rei do Congo, Manicongo Nzinga Kuvu optou
por cristianizar-se por volta do século XIII. Esta foi uma tentativa de relação
entre iguais, ainda no continente africano no período em estudo.
No entanto, as
experiências são diversas. Alguns exemplos de como as nações se comportaram no
processo de chegada dos europeus no continente africano, destacamos o Império
de Gana, conhecido como país do ouro, que se estendia pelas nas regiões de
Shael, entre o Senegal médio e a curvatura do Níger. A partir do século VIII, o
ouro era encontrado em abundância neste império.
Para governar, o rei
era assistido pelos altos dignitários com os quais se reunia cada manhã para
escutar queixas de seus súditos e exercer justiça. Com tanta riqueza, o rei
possuía um exército numeroso, composto de infantaria, arqueiros e cavalaria.
Desde o século IX, Gana manteve um comércio transaariano com mercadores árabes,
berberes, e sudaneses que buscavam ouro em troca de tecidos, sal e outros
produtos Maghreb. Por volta de 1077, os almorávidas, uma dinastia berbere das
costas atlânticas da África, conquistaram Kumbi-Saleh, Capital de Gana, deixando o
reino sobreviver apenas como tributário, despido de esplendor como antes, e com
territórios reduzidos. Após a dissolução do reino de Gana, as antigas províncias
se transformaram em pequenos estados dirigidos por pequenos reis, antigos
governadores. A expansão almorávida foi acompanhada pela conversão de muitos
reis ganeses, movidos pela estratégia político-econômica de integrarem-se no
espaço mercantil islâmico.
Outro exemplo foi a
civilização ioruba, onde dezenas de cidades conviviam, e onde desenvolveu-se a partir do século XI no sudoeste da atual Nigéria, das quais
muitas ultrapassaram os 20 mil habitantes. Constituíam grandes centros de
artesanato com oleiros, tecelões, marceneiros, ferreiros entre outras
atividades. Paralela as atividades
artísticas , praticava-se atividades agrícolas, baseadas no plantio de
inhame, palmeira entre outras.
Segundo o mito de
origem, o povo ioruba é descendente do rei Oduduwa, que desceu dos céus sobre o
mar, tendo nas mãos uma cabeça cheia de areia e uma galinha. Despejou então a
areia sobre o mar, posando nela a galinha. Esta esgaravatou e espalhou toda a
areia, dando origem à terra do povo ioruba, de quem se tornou o primeiro
soberano.
A cidade de Ifé foi
o centro da civilização ioruba e sede da residência do chefe religioso, Oni. As
outras cidades nascidas dos filhos de Oduduwa tinham por chefe, Oba, personagem
sagrada que usava uma coifa real formada
por uma calota de tecido com fios de pérola que não deixavam ver o rosto. Do
século XI ao XV usava-se bronze baseada na metalurgia, de acordo com uma pesquisa
arqueológica de 1938, citada pelo autor Kabenguele Munanga. Foi em Ifé que se
encontrou bustos de reis entre outras peças que remontam esta parte da civilização ioruba.
Não havia unidade
política entre os iorubas, que se organizavam de forma independente, apesar
de possuírem unidade cultural,
linguística, religiosa, histórica e territorial, que segundo alguns autores,
teria facilitado o seu declínio a partir do século XV. Porém Oio, nos séculos
XVII e XVIII, tornou-se o mais poderoso dos reinos iorubas, graças a
organização militar apoiada numa unidade de arqueiros apeados e numa cavalaria
armada com lanças e espadas. Este reino findou-se no início do século XIX, sob
jugo dos Peules muçulmanos.
A religião, a
cultura e a História dos povos ioruba não chegou ao fim mesmo com a violência dos
europeu com as armas de fogo neste
período, pois resguardaram-se com a a própria religião, a escrita, a oralidade,
objetos de estudos arqueológicos e estudos científicos diversos. Os europeus guerreavam
contra as principais nações africanas com o objetivo de eliminar o islã entre
as diversas nações africanas e no mundo, e principalmente para acumular riqueza
de forma mercantil. Por isso, guerreavam em favor da implantação da “Cruz e da
Espada”, ação militar cristã-europeia, com o fim de subjugar os povos do mundo
a partir da experiência das Cruzadas, com o objetivo maior de garantir o monopólio da fé e do comércio
marítimo para acumular Capital, o que levou a colonização das diversas nações
do Atlântico.
Adaptado de MUNANGA, Kabenguele& GOMES, Nilma, L. “Para
entender o Negro no Brasil de hoje: História, realidades, problemas e
caminhos.” São Paulo: Global: Ação educativa: Assessoria, Pesquisa e
informação, 2006, 2ª edição revista e atualizada(Coleção Viver, Aprender)
Assinar:
Postagens (Atom)