terça-feira, 3 de novembro de 2015

PROJETO “CANDACES BRASILEIRAS” NA MOSTRA CULTURAL DO C.E. ERNESTO DE FARIA


Objetivo geral

Este projeto faz parte do processo de construção do conhecimento dos estudantes do C.E. Ernesto de Faria sobre Africanidades. Conduzido pelas professoras Fabíola e Virgínia, construímos saberes junto aos estudantes sobre a História e Cultura Africana e indígena na escola a partir dos pressupostos da Lei 11.645/2008, ou como propõe o BNCC – Base Nacional Comum Curricular e os PCN’s- Parâmetro Curricular Nacional.

Objetivo específico/Justificativa:

A História dos afrodescendentes e indígenas inseridos no processo histórico de expansão marítima deve permitir aos educandos formas transdisciplinares de  compreensão e explicação desta modernidade, tal como a crítica, no que concerne a História eurocêntrica inserida no currículo, na escola e na sociedade. Foi neste período que se iniciou a  produção de teorias de branqueamento e  guerras coloniais  com  a  diáspora  afro e a exclusão das populações afrodescendentes e indígenas a partir da escravidão. Apesar das lutas e conquistas num período de longa duração[1], apenas na contemporaneidade passou a ser questionada com mais ênfase  no currículo escolar, com a consecução da Lei 11.645.

Hipóteses

Buscamos, neste projeto/processo, resgatar identidades, nas quais, a História  afrodescendente, possui sentido na singularidade, no encontro transdisciplinar, envolvendo e promovendo interações e integração com  histórias diversas dos estudantes  e suas diversas manifestações culturais.
Trabalhamos ainda com a hipótese do encontro da História com seu sujeito, enlaçamos a construção do saber à construção do fazer ao unir as áreas de conhecimento de História e Artes.
Por isso, num primeiro momento, trabalhamos a História da África junto a Historia dos turbantes, unindo o uso corrente dos turbantes (a moda)  aos seus significados( históricos).
 A Oficina de Turbantes  será nossa  primeira culminância, quando os estudantes farão seus turbantes e cartazes relacionando-os aos processos de construção  deste conhecimento em sala de aula. Junto à oficina de turbantes, faremos  pesquisa e confecção de cartazes com frases sobre  as  “ Candaces Brasileiras”

Programação/calendário das atividades -2015

04/11 Aula conjunta História da Arte e da África na Modernidade e combinados sobre material
11/11 1ª Culminância com a confecção de turbantes e cartazes em sala
18/11 2ª Culminância: Encontro com o Historiador e Artista plástico, Jerônimo Motta

Desfile, construção de mural

A primeira oficina se realizará no dia 11/11 a partir das 18:30 no encontro transdisciplinar  e junção das turmas que já tem sido parte deste processo/projeto.
 A segunda culminância será dia 18/11 num encontro com Jerônimo Motta que fará uma oficina  de História  e arte com um mural na escola e música( como elucidado no calendário proposto). Em seguida, faremos  uma mostra dos estudantes com seus respectivos turbantes  e frases sobre as Candaces brasileiras.

OBS.: Estas culminâncias serão parte da AV4.

          Para que possamos dar integridade ao projeto, contamos com a parceria entre as professoras, a             coordenação pedagógica e a direção.

Material

Segue  material  e espaço para consecução  do projeto.
Tinta plástica (vermelha, verde, preta, amarela)
Tecidos para espaço  e confecção de turbantes
Um espaço (parede) que possa ser confeccionado uma expressão artística de um mural conduzido pelas professoras e pelo artista plástico junto aos estudantes



[1]

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

As Nações Africanas em turbantes: Oficina de turbantes na Semana de Artes no C. E.Amaro Cavalcanti - 2015

Com Josina Maria

Sobre algumas nações africanas às vésperas da expansão marítima europeia

As diversas nações africanas viveram uma profunda militarização neste período e guerreavam entre si. As riquezas eram muitas, as guerras atravessaram a expansão europeia e chegaram ao Continente africano. Antes mesmo da chegada dos europeus, algumas nações já vendiam prisioneiros de guerra para trabalhar como escravos em outras nações africanas, principalmente as mais próximas do norte da África, em sua maioria islamizadas. No entanto, foi com a experiência de troca com Portugal sob o Reinado de D, Manuel I, que o rei do Congo, Manicongo Nzinga Kuvu optou por cristianizar-se por volta do século XIII. Esta foi uma tentativa de relação entre iguais, ainda no continente africano no período em estudo.
No entanto, as experiências são diversas. Alguns exemplos de como as nações se comportaram no processo de chegada dos europeus no continente africano, destacamos o Império de Gana, conhecido como país do ouro, que se estendia pelas nas regiões de Shael, entre o Senegal médio e a curvatura do Níger. A partir do século VIII, o ouro era encontrado em abundância neste império.
Para governar, o rei era assistido pelos altos dignitários com os quais se reunia cada manhã para escutar queixas de seus súditos e exercer justiça. Com tanta riqueza, o rei possuía um exército numeroso, composto de infantaria, arqueiros e cavalaria. Desde o século IX, Gana manteve um comércio transaariano com mercadores árabes, berberes, e sudaneses que buscavam ouro em troca de tecidos, sal e outros produtos Maghreb. Por volta de 1077, os almorávidas, uma dinastia berbere das costas  atlânticas da África, conquistaram  Kumbi-Saleh, Capital de Gana, deixando o reino sobreviver apenas como tributário, despido de esplendor como antes, e com territórios reduzidos. Após a dissolução do reino de Gana, as antigas províncias se transformaram em pequenos estados dirigidos por pequenos reis, antigos governadores. A expansão almorávida foi acompanhada pela conversão de muitos reis ganeses, movidos pela estratégia político-econômica de integrarem-se no espaço mercantil islâmico.
Outro exemplo foi a civilização ioruba, onde dezenas de cidades conviviam, e onde  desenvolveu-se a partir do século XI  no sudoeste da atual Nigéria, das quais muitas ultrapassaram os 20 mil habitantes. Constituíam grandes centros de artesanato com oleiros, tecelões, marceneiros, ferreiros entre outras atividades. Paralela as atividades  artísticas , praticava-se atividades agrícolas, baseadas no plantio de inhame, palmeira entre outras.
Segundo o mito de origem, o povo ioruba é descendente do rei Oduduwa, que desceu dos céus sobre o mar, tendo nas mãos uma cabeça cheia de areia e uma galinha. Despejou então a areia sobre o mar, posando nela a galinha. Esta esgaravatou e espalhou toda a areia, dando origem à terra do povo ioruba, de quem se tornou o primeiro soberano.
A cidade de Ifé foi o centro da civilização ioruba e sede da residência do chefe religioso, Oni. As outras cidades nascidas dos filhos de Oduduwa tinham por chefe, Oba, personagem sagrada que usava  uma coifa real formada por uma calota de tecido com fios de pérola que não deixavam ver o rosto. Do século XI ao XV usava-se bronze baseada na metalurgia, de acordo com uma pesquisa arqueológica de 1938, citada pelo autor Kabenguele Munanga. Foi em Ifé que se encontrou bustos de reis entre outras peças que remontam esta parte  da civilização ioruba.
Não havia unidade política entre os iorubas, que se organizavam de forma independente, apesar de  possuírem unidade cultural, linguística, religiosa, histórica e territorial, que segundo alguns autores, teria facilitado o seu declínio a partir do século XV. Porém Oio, nos séculos XVII e XVIII, tornou-se o mais poderoso dos reinos iorubas, graças a organização militar apoiada numa unidade de arqueiros apeados e numa cavalaria armada com lanças e espadas. Este reino findou-se no início do século XIX, sob jugo dos Peules muçulmanos.
A religião, a cultura e a História dos povos ioruba não chegou ao fim mesmo com a violência dos europeu com as armas de fogo  neste período, pois resguardaram-se com a a própria religião, a escrita, a oralidade, objetos de estudos arqueológicos e estudos científicos diversos. Os europeus guerreavam contra as principais nações africanas com o objetivo de eliminar o islã entre as diversas nações africanas e no mundo, e principalmente para acumular riqueza de forma mercantil. Por isso, guerreavam em favor da implantação da “Cruz e da Espada”, ação militar cristã-europeia, com o fim de subjugar os povos do mundo a partir da experiência das Cruzadas, com o objetivo maior de  garantir o monopólio da fé e do comércio marítimo para acumular Capital, o que levou a colonização das diversas nações do Atlântico.


Adaptado de MUNANGA, Kabenguele& GOMES, Nilma, L. “Para entender o Negro no Brasil de hoje: História, realidades, problemas e caminhos.” São Paulo: Global: Ação educativa: Assessoria, Pesquisa e informação, 2006, 2ª edição revista e atualizada(Coleção Viver, Aprender)

sábado, 7 de março de 2015

Filosofia: Uma abordagem Íntima e Universal?


Nos remetemos a definição de Filosofia, da forma mais simples  para a mais complexa: Amor à Sabedoria. O aprofundamento  do conhecimento  para nós,  é a questão mais importante para o estudo da Filosofia. Para isso, precisamos  enxergar a realidade para além  do que a grande mídia e os sucessivos governos liberais nos relega: a superficialidade  do saber  e ainda  conceber a vida pela aparência e não pela essencia das coisas, das pessoas e do mundo.
Por isso quando definimos a Filosofia  como "Amor à sabedoria" nos remetemos primeiramente ao "Amor, como um sentimento fundamental para a Filosofia, pois  nos  referimos a sensibilidade mais profunda do Ser Humano. O Amor  está presente em todos os Seres e todos os Seres Humanos nascem de uma relação de Amor. Se ainda, este sentimento não se universaliza aqui,  se faz presente  na busca pela realização do sentimento amoroso. Aqui concebemos o Amor num plano universal, que identificamos, ora no amor  entre os Seres Humanos,  entre o Ser  e os animais,  entre o Ser e  a música e para nós entre o Ser  e o Saber.
Quanto a relação  do amor ao saber, nos referimos a busca do ser humano   pela concretização do sentimento do amor. É preciso que  o Ser explique-se para o outro ou para concretizar o saber ; esta explicação acontece com o encontro do Ser como uma forma de Saber para além de um saber longe do Ser, pois se daria com a explicação do  próprio Ser diante do Saber,  o que definimos aqui como Sabedoria.
Por isso essa explicação do Ser Humano é sempre singular, vem de cada Ser, e não se refere ao Saber descolado do Ser, por mais que  o saber em si possa ser o mesmo para todos, cada um concebe, explica de uma forma, que se relaciona com a vivência de cada um, com a sua cultura familiar, social e histórica diante do mundo, enfim, explica-se.
Por isso temos na busca do conhecimento, fases diferenciadas da aprendizagem: Num primeiro momento temos um contato com o saber,  em seguida podemos nos aproximar com o entendimento sobre o saber ora concebido, mas é com a compreensão que temos uma convivência com o saber, quando lembramos depois, fazemos relação com algo  que vivemos ou aprendemos e não esquecemos. Já a explicação é que remonta o sentimento do Ser e sua Singularidade. Nunca , porém explicamos algo, mas nos explicamos. Isto se dá em função da Singularidade do Ser e por isso um explicar-se; uma explicação diferenciada de cada Ser, diferenciada e diversa como vimos. Mas  para explicar-se, aliamos  esta experiência diferenciada de cada Ser , com a sua forma de sentir, pensar e agir, que alia a forma  de como este ser explica-se, pois traz em si um jeito diferenciado,  uma dimensão mais profunda, é neste momento que sobressai em cada um de nós uma Sabedoria, e, de forma individual, diferente e diversa  de qualquer outra.
 Por isso que a Filosofia se apresenta como definição profunda e urgente de cada Ser Humano: Quando sai da superficialidade, perpassa o sentimento e sai numa  busca profunda de cada Saber, e que se manifesta de dentro para fora, quando a Sabedoria se faz presente.
Em tempos de superficialidade midiática  e de saberes desencontrados dos Seres, a pulsação crítica de cada Ser Humano alia-se a necessidade de con-viver entre os Seres e  propõe outra forma de convívio humano.

Filosofia: Uma emergência nos dias atuais?

Entre 2014 e 2015  a grande mídia resolveu questionar  a avaliação do ENEM, tendo em vista, num primeiro momento, os resultados obtidos nas notas de Português e Redação. As respectivas notas eram demasiadamente díspares, pois  colocava em questão o estudo da gramática e sua aplicabilidade à redação. Os  resultados indicaram que, os excelentes resultados em Língua  Portuguesa foram muito maiores  que a Redação, que por sua vez tiveram notas muito baixas, numa proporção que ultrapassou  os 50 por cento de diferença.
Atualmente, além dos  professores dos diversos níveis  apontarem este problema,   desde  a luta pela construção por Diretrizes  e bases de uma educação nacional desde a década de 1980, este problema já estava em pauta. 
No entanto, as notas do ENEM tomaram a mídia em função dos interesses da grande burguesia em acabar com tal avaliação, já que a mesma contribui minimamente para democratizar  à educação para as classes menos favorecidas.
Sem esquecer da discussão mais ampla do intuito  da grande mídia e os interesses quanto à privatização da educação e tendo em vista  a dimensão política deste debate,  educadores de todo o país apontam  em pesquisas, teses, dissertações e congressos há mais de vinte anos,  a questão do aprofundamento dos temas  de redação, que passam necessariamente  pela prioridade  do aprofundamento sociológico e filosófico ancorado  nas demais disciplinas  das Ciências Humanas, como a História, a Geografia, a Lingua Portuguesa e a Redação.
Na década  de 1980 quando  a Lei de Diretrizes e Bases  da Educação foi motivo de muito debate, muita luta,  cerca de  118 greves foram feitas no final da década de 1970 e início de 1980 e,  aliando à luta pela inclusão pelas maiorias das classes menos favorecidas nos bancos escolares, este número de greves passou a somar mais de 2 mil greves no final dos anos 1990 (NORONHA, 1991:95). Esta foi parte de uma luta  que se somava, inclusive,  à luta pela democratização da educação, com  professores e estudantes à frente das lutas e debates que levaram à  implantação da LDB, pautada  pelos próprios professores, mas que  no entanto,  só em 1996  a lei foi implementada pelo governo  Fernando Henrique. Mesmo assim depois que retirou-se  a pauta das mãos dos professores  e passou-a  para as mãos do Sociólogo Darcy Ribeiro, que fez a redação da lei para o governo.
  A Sociologia e a Filosofia foram retiradas por mais de vinte anos pelos sucessivos governos da Ditadura Civil Militar no Brasil (1964 -1985) do currículo escolar,   com a Lei 5.692 posta em prática  em  1971.
Na luta pela implementação da LDB - a Lei de Diretrizes e Bases  da Educação Nacional, apontavam a demanda da redemocratização do país  visando a necessidade  de   aprofundamento das Ciências Humanas, com a  reinserção do estudo da Sociologia  e da Filosofia junto a inclusão das maiorias  das classes excluídas na escola pública, que até o fim da Ditadura Militar em 1985 era privilégio das elites.
Embora a polêmica não pare por aí, foi retirado novamente  em 2014  do currículo do Ensino Médio, metade dos tempos de Sociologia e metade dos tempos de  Filosofia, ficando o debate, na esfera institucional( do governo) e com diversos professores abandonando as escolas, chegando   a mais  de 100 (cem) professores por dia no Estado do Rio de Janeiro,de acordo com  pesquisa feita em fevereiro de 2015 no Diário Oficial pelo blog observações educacionais.
A justa luta pela reinserção da Filosofia e da Sociologia no Ensino Médio nos faz pensar o porquê  da insistência em retirá-las da grade  curricular...com a máxima: Pensar é perigoso? Por qual motivo? 
Para nós, o aprofundamento de questões como estas não se deve restringir somente ao professor, já que o interesse pela educação provém também  do estudante e pela qualidade na educação para que possam continuar estudando, se insiram no mercado do trabalho,  e  sobretudo passem a ver seus direitos respeitados e por isso  saibam os caminhos de conquistá-los.