segunda-feira, 23 de agosto de 2021

As lutas pela Independência cubana

 Cuba deu início a  luta por Independência em outubro de 1868, quando o advogado e proprietário de terras, Carlos Manuel de Céspedes fez uma declaração formal contra a dominação da metrópole espanhola.

Este episódio conhecido como  "Grito de Yara" marcou a eclosão da Primeira Guerra de independência do país, a guerra de "Dez anos" (1868 -1878) sob a liderança do próprio Carlos Manuel de Céspedes,  Antônio Maceo,  Máximo Gomez e Calixto Garcia.



A guerra dos Dez Anos, para além de uma guerra civil entre os que defendiam a independência ou  a permanência  como colônia, foi também uma guerra que girou em torno da questão da abolição da escravidão.

A parte ocidental do país, majoritariamente branca e produtora de açúcar, era contra a abolição, e por ser racista,  perdeu uma aliança decisiva da população negra para se tornar independente dos espanhóis.


Por isso, os exércitos independentistas, também conhecidos como Mambises, tomaram diversas cidades no oriente e no centro do país, mas não conseguiram se expandir para o ocidente.


 Os mambises lutaram e resistiram por dez anos, mas com  a repressão dos exércitos espanhóis, acabaram se rendendo em 1878, com assinatura do Pacto de Zanjón , que em troca da deposição de armas rebeldes, os espanhóis os anistiaram, libertaram os escravos que lutaram pela independência, e prometeram reformas políticas. Era o fim da guerra dos Dez Anos, mas a colonização e a escravidão permaneceram intactas.


Inconformados com o desfecho da guerra, Antonio Maceo e Calixto Garcia investiram seus esforços numa segunda guerra de independência -  A Guerra Chiquita. 

Esta segunda tentativa, teve início em agosto de 1879 e foi derrubada em agosto de 1880 em função do desgaste dos rebeldes, da falta de recursos, inclusive de armas, e sobretudo em função da abolição da escravidão não ter sido acolhida.

A reação espanhola, aproveitando-se da divergência existente na sociedade sobre a questão da abolição, tratou de inserir o medo do  "haitianismo", que se tratava do medo das elites brancas da luta por abolição vir junto da luta por Independência, do modo como aconteceu no Haiti, o que levou ao enfraquecimento cada vez maior na luta por independência em Cuba.


Imagem pesquisada dia  23/08/2021 em:https://www.coladaweb.com/historia/independencia-de-cuba


 Já a terceira guerra de independência foi organizada com os diferentes projetos políticos em disputa. Com início em 1895, sob a   liderança de José Martí, que saiu de Nova York ao encontro de Máximo Gomes em São Domingos,  assinaram o Manifesto de Montes Christi em 25 de março de 1895, e embarcaram rumo à parte oriental de Cuba.

 No entanto, José Martí foi morto apenas seis meses após o desembarque na província de Guantánamo numa emboscada espanhola em 19 de maio de 1895.


Neste ano de 1895 havia três diferentes projetos políticos em disputa em Cuba: os autonomistas, eram a minoria e defendiam a manutenção dos laços com Espanha;  já os anexionistas defendiam anexação aos Estados Unidos, e um terceiro grupo inspirado pelos ideais de José Martí, defendiam a soberania do povo cubano e alertavam sobre as pretensões imperialistas dos Estados Unidos. 


A guerra pela independência foi se espalhando pela província do oriente e avançou em direção ao centro da Ilha. Enfrentaram os espanhóis em sangrentas batalhas, invadiram grandes propriedades e queimaram plantações, sobretudo as de cana-de-açúcar. Assim tomaram Camaguey, Sancti Spíritus, Santa Clara Trindad quando conseguiram adentrar no lado ocidental da Ilha.


Em fevereiro de 1898, quando a guerra já estava praticamente vencida, um encouraçado estadunidense, ancorado no Porto de Havana, o Maine, explodiu e matou cerca de 250 marinheiros. O governo dos Estados Unidos acusou os espanhóis de terem provocado a explosão e após um mês, o congresso do país com apoio do presidente William Mc Kinley aprovou formalmente a guerra contra os espanhóis pelo direito de Cuba ser livre e independente exigindo que Espanha renunciasse poder sobre Cuba, aprovando  a "Emenda Teller"  que tratava de uma conquista dos exilados contra anexação de Cuba pelos Estados Unidos. 

Acreditava-se que a Emenda Teller foi um meio de justificativa de entrada dos Estados Unidos no conflito para pôr em prática a pretensão imperialista. 


Os cubanos que vinham lutando por três anos, com três insurreições seguidas, tiveram a vitória tirada das mãos com a explosão. 

O desfecho se deu com a assinatura do Tratado de Paris em dezembro de 1898, quando representantes dos Estados Unidos e da Espanha se reuniram na cidade francesa sem representação cubana, e estabeleceram as  cláusulas da rendição espanhola. Com este tratado, definiram que Cuba e também Filipinas, Porto Rico e Ilha de Guam seriam entregues aos Estados Unidos.


Com isso, a ocupação militar dos Estados Unidos teve início em 1899 que manteve vigente a legislação colonial espanhola, além de acordos políticos e econômicos com as elites açucareiras. Os Estados Unidos se comprometeram  a não exercer controle sobre Cuba, mas em 1900 trataram de fazer acordo com as elites locais nas primeiras eleições e estabeleceram que os votantes seriam homens maiores de 20 anos e proprietários de  mínimo 250 dólares, deixando os cubanos dependentes e empobrecidos.


As lutas pela Independência no México

 



Nova Espanha era o México de hoje. A luta pela independência se deu com violência pelos espanhóis. Por isso, após 1815 a luta que possuía um caráter social e racial( com indígenas e mestiços), passou a ter direção das elites criollas, eliminando a possibilidade de reforma agrária. Em 1811 estourou uma revolta camponesa liderada pelo padre Miguel Hidalgo, com grande exército camponês. As tropas espanholas e as elites criollas derrotaram os camponeses com extrema violência. 

Em 1813 sob a direção de padre Morelos houve  outra rebelião. Embora a cúpula da igreja católica  estivesse ao lado das elites, esta rebelião apontava a independência com distribuição de terras, fim da escravidão, direitos e governo democrático.

 Em 1815 chegaram mais tropas da Espanha e houve fuzilamento e massacre. Dessa forma, o militar Agustín Itúrbide, propôs o plano de Iguala, que previa uma monarquia católica independente na América. Este plano agradou a igreja católica e as elites criollas. Dois anos depois, Itúrbide foi deposto e a República foi proclamada. Dessa forma, conservadores e liberais passaram a disputar o poder no México. Os conservadores, vinculados a igreja católica representavam os grandes proprietários de terras e buscavam a manutenção das estruturas de poder do período colonial. Já os liberais queriam o fim dos privilégios dos latifundiários e defendiam a liberdade de comércio e de expressão, igualdade jurídica, reforma agrária e modernização da produção e das relações de trabalho.

 Em 1850 os liberais assumiram  o poder  com intuito de criar uma classe de pequenos proprietários para renovar a agricultura mexicana, aprovando uma Constituição em 1857. No entanto, a constituição permitiu que as terras indígenas fossem expropriadas. Houve resistência, mas a igreja manteve à força suas propriedades.

 Em 1876, Porfírio Díaz assumiu a presidência do México e ficou 35 anos no poder. Aos 80 anos candidatou-se novamente. Com desconfiança, as oposições denunciaram fraudes eleitorais. 


Francisco Madero, candidato da oposição, se candidatou defendendo a  não reeleição obtendo apoio popular, mas foi acusado de incitação à rebelião sendo encarcerado. Porfírio então foi reeleito. Madero foi libertado e exilou-se nos Estados Unidos e lá escreveu um projeto liberal que convocava  a população mexicana a se rebelar contra  o porfiriato. com o plano de São Luis Potosí que ganhou adesão de setores populares como operários e camponeses, dando início à Revolução Mexicana. 

As principais lideranças  eram Pascual Orozco e o camponês Pancho Villa no norte do país. 

No Sul surge a liderança de Emiliano Zapata. Defendiam a retomada das terras indígenas e a Reforma Agrária. 

Os combates tomaram todo o país levando  a renúncia  e ao exílio de Porfírio Diaz em maio de 1911, quando um governo provisório foi formado até que fossem  convocadas novas eleições. Francisco Madero foi eleito, mas não realizou a Reforma Agrária, como era necessário.

 A oposição se reorganizou em torno de Emiliano Zapata e propôs o Plano de Ayala em novembro de 1911. Madero acabou deposto e fuzilado por porfiristas apoiados pelos Estados Unidos em 1913.


Ouça a leitura do texto no podcast:

https://anchor.fm/fabola-lendo-histria/episodes/A-frica-e-a-Escravido-Moderna-e1jbd2k

Independência dos Estados Unidos

 As treze colônias tiveram liberdade política e comercial até o século XVIII. Mas a partir da guerra de sucessão espanhola (1703-1713); sucessão austríaca (1740-1768) e Guerra dos Sete Anos (1756-1763), a Inglaterra participou e teve muitos gastos, e por isso passou a exercer forte controle político sobre as suas colônias. 

Em 1764  a Inglaterra estabeleceu a lei do açúcar, restringindo a liberdade das colônias no comércio triangular, criando impostos e com a lei do selo, instituindo novo tributo sobre documentos legais e textos impressos que circulavam nas colônias, assim como a lei do chá (1763) que concedeu monopólio às índias orientais para taxar e controlar este lucrativo comércio, estabelecendo fiscalização nas alfândegas para dificultar o contrabando.

Os colonos expressavam insatisfação contra a metrópole, como foi o caso da associação feminina da liberdade, criada contra a lei do selo e que incentivava as mulheres a costurar suas próprias roupas e as de suas famílias, em vez de comprar dos ingleses.

Em dezembro de 1773, colonos vestidos de indígenas destruíram toda a carga de navios ingleses atracados no porto de Boston, conhecida como a festa do chá de Boston. A Inglaterra reagiu com um conjunto de leis chamadas pelos colonos de “Leis Intoleráveis”, que entre outras medidas estabeleceu o fechamento do porto de Boston até que os prejuízos fossem ressarcidos. Tais medidas acabaram sendo o estopim do processo de independência das treze colônias.

 Em 1774 o primeiro congresso continental da Filadélfia reuniu representantes das colônias inglesas.

Em 1775, representantes das Treze colônias se reuniram no segundo congresso da Filadélfia, no qual decidiram proclamar a independência. Uma comissão liderada por Thomas Jefferson, rico fazendeiro da Virginia, foi encarregado de redigir a declaração de independência que foi aprovada em 4 de julho de 1776, inspirado nas ideias iluministas.

 A declaração de independência mencionava igualdade e liberdade, mas matinha a escravidão, como foi o caso das colônias do sul. Os escravistas argumentavam com a ideia de direito a propriedade para defender a escravidão. A liberdade também não contemplava mulheres nem indígenas.

As guerras de independência se estenderam até 1781. Os colonos contaram com o apoio francês e espanhol, rivais dos ingleses. O reconhecimento formal da independência se deu apenas em 1783 por meio do tratado de Paris. 

A partir de então, o governo iniciou uma expansão territorial com a ideologia do “Destino Manifesto” (no qual defendia que o país estava destinado a se expandir até o pacifico), pois era um país escolhido por deus para levar a democracia e os valores cristãos aos territórios indígenas através do pensamento religioso-puritanista que sustentava ainda “A boa conduta moral” relacionado ao progresso econômico.



Pesquisada 23/08/2021, em: https://escola.britannica.com.br/artigo/Guerra-de-Independ%C3%AAncia-dos-Estados-Unidos/480590

Houve devastação territorial com a ampliação dos latifúndios agrícolas, desenvolvendo o norte e o centro-oeste dos Estados Unidos, principalmente no século XIX. Era a marcha para o Oeste, com migração em massa, pois haviam sido encontradas jazidas de ouro, o que levou a milhares de indígenas mortos.

Em 1830 o presidente Andrew Jackson promulgou a “Lei de Remoção Indígena” deslocando-os de Cherokee para o atual estado de Oklahoma, com muitos indígenas mortos, tais como os Choctaw, os Creek e os Chickasaw, povos indígenas que foram deslocados para outras áreas delimitadas pelo governo.

Os indígenas resistiram. Uma das maiores batalhas foi a de Little Bighorn em 1876 numa aliança entre Cheyenne e Sioux, derrotando o exército estadunidense. Apesar da resistência indígena, um século depois, houve o extermínio das populações nativas dos  Estados Unidos.

Atualmente há 560 tribos indígenas nos Estados Unidos, onde vivem descendentes dos indígenas que sobreviveram. Nestas reservas os indígenas mantêm um sistema judicial policial próprios e administram escolas, hospitais e redes comerciais. No entanto, cerca de 70 por cento dos aproximadamente 4 milhões de indivíduos que se identificam com indígenas não vivem em reservas.