Estudamos neste
bimestre a relação entre a História Colonial no Brasil a partir
de 1550, quando a escravidão africana começou a chegar ao Brasil.O
período colonial no qual a escravidão aconteceu, foi o que deu
origem ao preconceito racial no Brasil que continua até os dias
atuais.
Por isso temos
desde 9 de janeiro de 2003, a Lei 10.639 e em 10 de março de 2008,
a Lei 11.645, na qual estabeleceu que a
educação no Brasil,
deve “incluir no currículo oficial da rede de ensino a
obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira e
Indígena”.
É
neste sentido que precisamos conhecer a nossa História, para que o
pré-conceito, ou seja, aquilo que
rejeitamos sem conhecer, precisa ser conhecido e revisto por todos
nós, para sabermos como ficamos tão avessos a nossa própria
História que nós mesmos
fazemos parte.
Na
disciplina de História é que aprendemos que, se não conhecemos a
nossa História, não conhecemos quem somos nós, nem o que
queremos, e menos ainda, onde queremos chegar, sem que as mídias
nos façam repetir os valores pensados por eles. Temos na História
a oportunidade de aprender por nós mesmos, a ler a História com
nossos próprios olhares.
Se
estamos nos referindo a História da maioria de nosso povo, veremos
como formamos essa maioria: A História
dos Negros no Brasil.
Foi
do Continente africano que chegou ao Brasil as
diversas nações dos negros que pra cá
chegavam escravizados pelos portugueses. Neste período, colonizar,
ou seja, ocupar o Brasil com o o objetivo de levar as riquezas daqui
como o açúcar, o café e o ouro, foi
objetivo dos portugueses. E
para trabalhar para eles, escravizar outras pessoas foi o que
pensaram para um trabalho duro e
difícil.
Do
continente africano, os povos
Congo-angola
e do Golfo da Guiné (atual Nigéria) vieram a maior parte dos negros
em todo os Brasil, os povos
de língua Banto.
Foram
as nações
Banto do Continente africano que
influenciaram
a nossa cultura com os diversos sambas, as danças dramáticas,
cortejos, cucumbis, as escolas de samba, a capoeira, o maculelê, a
congada, os maracatus, os afoxés
e ainda, algumas técnicas de trabalho e alimentos como o pirão, o
angu e o quibebe. Além de dar nome de Mocambos, os Quilombos, foram
alguns dos diversos nomes que conhecemos no Brasil, criados
pelos negros como forma de fugir e resistir à escravidão.
É
do Oeste africano que recebemos a influência
feminina dos turbantes, saias rodadas,
batas de renda, colares, pulseiras, características da indumentária
das baianas de tabuleiro. Do Oeste-africano recebemos também
as primeiras concepções filosóficas e doutrinárias como o
candomblé trazidos pelos negros de origem Mina, e a umbanda e se
fixaram primeiramente no Maranhão e na Amazônia.
A
chegada dos Negros vindos da Africa pelo Rio de Janeiro, que
aportavam na
Praça Mauá até a Praça XV dos dias atuais, encontravam nas ruas
os negros de diversas nações com diversas formas de trabalho
escravo: Haviam os negros de ganho, que vendiam quitutes para um
“senhor”. Assim faziam os
quitutes, vendiam nas ruas do centro da cidade e levavam o dinheiro
no final do dia. Estes negros conheciam outros negros, e seus
fregueses lhes traziam muita informação. Estes negros ajudavam a
espalhar notícias sobre negros fugidos, e rebeliões entre
outras. Haviam nestas
ruas do centro da cidade os curandeiros,
negros que curavam com plantas as doenças que traziam das viagens
em condições precárias e, quando não morriam, os tratamentos que
os negros conheciam curavam os infermos que em seguida seriam
vendidos em praça pública, aumentando o preço do
negro mas também curando-o das doenças.
Os negros que eram açoitados também passavam
pelos curandeiros que faziam ficar de pé, muitas vezes, negros de
mesmas nações que de alguma forma não aceitavam as condições de
vida da escravidão. Os
barbeiros também ficavam em tendas para vender seus trabalhos que
rendiam a riqueza da colonização dos europeus, o
escravo. O Zungu também fica
livre em praça
pública.
Eram chamadas casas de Angu, as
residências e estalagens para os
negros que não estavam cativos em casa de senhores.Eram
escravos de ganho e “pessoas de cor” livres ficavam
ali abrigados.
Por
fim os capoeiras ficavam perto de
igrejas e saíam
em festas religiosas,
se instalavam próximos
ao porto, se defendiam contra a polícia
e contra os capatazes dos senhores e
assim resistiam e lutavam contra os maus tratos.
Nos
campos, os negros escravizados também enfrentaram
a escravidão. Sabemos que o
limite da negociação entre negros e senhores eram
os
açoites.
Por isso os negros dificultavam o açoite, a palmatória e
outras formas de tortura
entre
seus pares
como podiam. A culinária, a religião, as danças, a capoeira,
foram formas de sobreviver
a escravidão. Os casamentos entre escravos de mesma nação foi uma
forma dos negros não morrerem tão cedo, mas
também foi
mais uma forma de
escravizar, desta
vez,
seus
filhos . Mas a possibilidade de sobreviver na
escravidão
era
ter seus pares ao lado.
A
culinária dos negros era admirada pelos portugueses. As
mulheres negras que
entravam na Casa Grande dos Senhores para cozinhar eram
tratadas
de forma especial e traziam os segredos da culinária africana como
forma de dificultar os açoites anunciados pelos senhores, quando
carregavam no óleo
de dendê
e na pimenta dos capatazes e senhores.
No
entanto, temos nos Quilombos, as maiores construções dos negros
para fugir da sociedade escravista.
O
mais conhecido foi o Quilombo dos Palmares. Apesar
de ainda hoje existir mais de dois mil quilombos no Brasil, o
Quilombo de Palmares foi um dos maiores do Brasil. Sob liderança de
Ganga Zumba e depois por Zumbi dos Palmares, foi
por sua vez, uma das maiores lideranças na luta contra escravidão
no Brasil. Além de receber escravos fugidos, os quilombos tinham
vida política e econômica própria. Mas foi sob a liderança de
Zumbi que o regime escravista foi posto em perigo. Zumbi dos Palmares
e os quilombolas libertavam os negros
da escravidão abrindo senzalas de diversas fazendas. Isto fez com
que as elites coloniais se unissem e
derrubassem o quilombo matando
Zumbi dos Palmares em
20 de novembro de1695.
É
neste dia que
comemoramos o Dia da Consciência Negra. Em
Homenagem ao líder Zumbi dos Palmares. Esta comemoração nos
dias atuais
tem servido às reflexões sobre a necessidade de nos conhecer e
conscientizarmo-nos
sobre a História do negro na sociedade brasileira que se choca com
o racismo e a discriminação que levou muitos séculos para ser
reconhecida. O reconhecimento de que existe racismo, e olhar para nós
mesmos como participantes da História do paí
tem sido uma possibilidade de começarmos a conhecer uma parte
importante de nossa própria
História
e
mais ainda, de construirmos a História que queremos para todos nós.
Fabíola
Camargo.