O século XIX é marcado pela
industrialização ou pela chamada Segunda Revolução Industrial.
A industrialização desenvolveu
cidades, transportes, luz elétrica. Era a passagem da energia à vapor com a
descoberta de novas tecnologias e combustíveis
como a eletricidade e o petróleo. Tudo ficou mais rápido diante da produção
dentro de fábricas com esteiras em velocidade cada vez mais rápidas. Assim
nasceu a fotografia, o cinema, telefones e linotipos, que passaram a imprimir
jornais.
Na busca incessante por tecnologias
para aumentar concorrência e consequentemente o lucro dos capitalistas, nasceu a
associação de bancos e indústrias – os monopólios, que anunciou a primeira
crise do Capitalismo em 1870. Para aumentar a quantidade de matérias-primas com
baixo custo e mercado para venda de seus produtos, lançaram-se na corrida pela
exploração de outros territórios - o neocolonialismo. Este conjunto de ações
concorrenciais entre nações capitalistas denomina-se corrida Imperialista.
A corrida Imperialista por
uma nova colonização, desta vez no século XIX – o neocolonialismo - deu-se na
África, Ásia e nas Américas a partir de 1850 quando a crise do mundo
capitalista se instalou na Europa recém-industrializada e nos Estados Unidos em
1870.
Para isso lançaram mão de campanhas com bases racistas do darwinismo
social e do neomalthusianismo. O que hoje conhecemos como super-heróis foram ideologias popularizadas de dominação europeia e/ou estadunidense para dominação
na África, Américas e Ásia. O darwinismo social se baseou no binômio civilizados ou selvagens, se
autodenominando civilizados e teorizando
sobre a importância de dominar povos com
cultura diversa ao ocidente branco e europeu. Já o neomalthusianismo defendia que
havia uma superpopulação que não era possível alimentar e por isso defendia
controle populacional fazendo esterilização em massa, limitando e proibindo
procriação de populações pobres. Era baseado no pressuposto matemático de que
enquanto a população crescia em escala geométrica, por exemplo, (2x2x2x2x2), o
alimento só aumentava em escala aritmética, exemplo (2+2+2+2+2). Estas foram as
bases do nazi fascismo do século XX.
Neste contexto que a Inglaterra
desde 1859 iniciou obras para a construção do Canal de Suez. Localizado no
Egito, África, o objetivo era ligar o
Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho para diminuir o tempo de navegação entre europeus
e oriente. Foi neste período que o Egito passou a perder sua Soberania. Foram
mais de 10 mil egípcios mortos na construção deste Canal. A Inglaterra criou
imposto para que os egípcios pudessem navegá-lo.
O outro marco da corrida
Imperialista na África foi a Conferência de Berlim (1884-85) na Alemanha. O
objetivo era a Partilha da África sem nenhum africano. Além disso, o Rei belga
Leopoldo II criou a “Associação Internacional Africana”, obtendo acesso a
informações privilegiadas e deu início a corrida neocolonial na África. Países
europeus como Alemanha, França e Inglaterra somaram-se a Conferência de Berlim
(1884-85) para subjugar a África. Foi o primeiro genocídio do século XX.
Na Ásia, a Índia fabricava algodão para a
Inglaterra. Mas a Inglaterra introduziu
tecido a preços muito baixos para arruinar a manufatura e a exportação indiana. Em 1857 a população
indiana resistiu com a Revolta dos Cipaios, quando os indianos se armaram contra o Imperialismo inglês.
Já a China exportava seda,
chá e porcelana. Mas a Inglaterra em crise, e vendo a importação dos produtos
chineses crescerem na Inglaterra, passou a exportar grande quantidade de ópio
para a China. Isso levou a primeira Guerra do Ópio entre 1839-1842. Com apoio
da França e em acordo com outros países europeus, a Inglaterra aumentou a
exportação para a China, o que levou a
segunda Guerra do Ópio entre 1856 e 1860.
Os chineses chegaram a
interceptar 20 mil toneladas de Ópio inglês na China de uma vez. Mas os
problemas sociais decorrentes do alto consumo só terminaram com a Revolução
Chinesa em 1949.
Nas Américas a Guatemala perdeu seu território para a
Grã-Bretanha em 1862. O México também sofreu intervenção da Dinastia dos
Habsburgos da Áustria, mas restauraram a República em 1867. Os Estados Unidos
violaram a soberania de Roosevelt entre 1901 e 1908 com o “Big Stick” intervindo
na América Latina, onde passou a ser cultivada banana, algodão e cana-de açúcar
principalmente. Um exemplo da intervenção dos Estados Unidos foi o canal do Panamá na Colômbia em 1903.
A Grã- Bretanha agiu de modo
semelhante oferecendo empréstimos com
juros altos, provocando dependência econômica que passou a consumir
produtos com baixo custo e vender mais
caro com a industrialização.
Na construção do Brasil-Imperial,
este contexto ampliava a dominação escravista. Mais de 53% da população era
escravizada neste período.
Com a maioridade de D. Pedro II, o período pós-regencial
constituiu o poder entre famílias oligarcas liberais denominada de Luzias, grupo
mineiro que defendia uma monarquia federativa; e os Saquaremas, que se reuniam em Visconde de
Itaboraí e defendiam a centralização do poder
nas mãos do poder moderador sob a monarquia.
No entanto, havia uma
mobilidade de poder entre essas elites oligárquicas que também mudavam conforme
a posição política em relação ao poder denominado “Transação”. Ângelo Agostini
publicou na Revista Ilustrada uma frase em que explicava esta relação de Poder:
” Não há nada mais Luzia(liberal) do que um Saquarema(conservador)
no poder; não há nada mais conservador do que um liberal no poder”.
Dessa forma o jogo de
interesses que dominava a política, assim como a troca de votos, não deixava
emergir nenhuma vontade política que fosse popular.
Neste mesmo contexto foi colocada
em prática a “Lei de Terras”. Com esta lei de 1850 e que vigora até os dias
atuais, a terra só pode ser colonizada por quem já possuía terras, estendendo o
poder das sesmarias, além da compra, a única forma de adquirir terras, o que
reforçava economicamente a exclusão da vontade popular.
Desta forma as populações
afrodescendentes passaram a fazer diversas rebeliões como a Revolta dos Búzios,
com Luiza Mahin, assim como a Revolta dos Malês, a fuga em Quilombos, com
Dandara e Zumbi de Palmares, a alforria feita pelo panificador João Mattos, a
recusa do jangadeiro Chico da Matilde, que se recusou a transportar negros para
escravizar, o movimento de alfabetização feito por Maria Firmina, entre muitos
outros movimentos abolicionistas até 1888, e que se
estendem até os dias atuais.