terça-feira, 22 de novembro de 2011

SOCIALISMO UTÓPICO

"Se dedicar é só isso, tenho muito a agradecer  ao meu Grande Professor Leandro Konder. Foi  a maior das transformações que uma aluna  pode experimentar: O seu enorme saber e imensa bondade."
                                                                                                                                    Fabíola Camargo.

Após diversas experiências revolucionárias acontecidas no século XVIII ,  houve uma transformação na vida e na forma de ver o mundo, mas que  ao mesmo tempo  gerou o  Sistema Capitalista. Este Sistema não  melhorou de forma significativa  a vida da maioria das pessoas pobres. Por isso alguns  estudiosos começaram a pensar  sobre o porquê das condições desumanas que viviam os trabalhadores .
Se por um lado  a Revolução Francesa foi exemplo  para as conquistas políticas, como direito ao voto,  uma constituição que impedia  a exploração do outro como quisesse, e que enfatizava a igualdade, a liberdade e a fraternidade, por outro lado esta Revolução Francesa não conseguiu, com  as maiorias( sans cullottes),  colocar em prática por mais tempo as suas conquistas. O mundo ainda viva o Antigo Regime: dos reis e nobres privilegiados que destruíram  as conquistas da Revolução Francesa ( com a invasão de Napoleão apoiado pelas elites das monarquias de outros países)e se apropriaram das descobertas da Revolução Industrial.
Com isso, a burguesia aumentou muito  seus lucros. Uma vez que começavam a lucrar, mais ricos queriam ficar. Muitos nobres se tornaram banqueiros, grandes burgueses e financiavam a exploração dos países coloniais.
Dessa forma a exploração do “proletariado” ( A classe trabalhadora, que só possui seus filhos, ou seja, sua “prole”  para alimentá-los com apenas um pequeno salário. Este é o bem mais importante desta classe).Esta  maioria por sua vez, conquistou  direitos, como a diminuição  das horas de trabalho e  o fim do trabalho infantil, e ainda  deixou como exemplos, diversas formas de lutar por direitos  para acabar com a exploração das burguesias. Mas   a maioria excluída, mas com experiências revolucionárias e  muitos pensadores  começaram a questionar  a exploração que o Sistema Capitalista trazia.
 No entanto,  a maioria  da classe trabalhadora não tinha tempo para analisar suas condições e teorizar quais as saídas e as soluções para os seus problemas.  Apesar das conquistas, ainda trabalhavam  de 12 a 16 horas por dia.
Daí alguns estudiosos começaram a pensar sobre  o que poderia vir a ser uma nova Sociedade. Entre estes pensadores e estudiosos, estava  Graco Babeuf . Babeuf analisou que a Revolução francesa  havia sido derrotada quando  Robespierre  foi derrubado do poder. Babeuf  pretendia fazer uma nova  e última Revolução: Submeter toda propriedade aos interesses da coletividade. Mas como o poder de vida e de morte estava nas mãos dos capitalistas, Babeuf Foi condenado à morte em 1797.
Saint Simon (1760-1825)  pensava que  a burguesia  era uma classe parasitária,   e deveria reanimar ideais cristãos como foi na origem, como próprio Cristo fez, de forma  que as indústrias deveriam ser divididas entre a burguesia nascente,   operários, mulheres, comerciantes e banqueiros . Foi Saint Simon quem percebeu  pela primeira vez que havia uma luta entre duas classes na Revolução Francesa.
Robert Owen  foi outro grande estudioso e que somou experiência e estudo: Foi uma daquelas crianças exploradas pelo mundo capitalista que surgia. Foi criança muito pobre e começou a vida como empregado do comércio. Chegou a diretor-sócio  de uma grande indústria têxtil. Estudava profundamente sobre a Revolução inglesa. Entre 1800 e 1829 alterou completamente o funcionamento de sua fábrica humanizando  as relações, diminuindo horário de trabalho, dedicando-se a educação das crianças, fornecendo condições decentes de saúde e moradia aos seus operários.
 Até então  era só.  Mas  a monarquia inglesa  não gostou  mais  de seus feitos  quando se declarou Comunista(Sistema que propõe uma sociedade sem classes: Sem exploração  de uma classe pela outra.) Por isso  fez a primeira experiência nos Estados Unidos  de uma indústria onde os operários  participavam do governo desta Indústria.  Morreu pobre, mas foi um dos pensadores mais próximos  de uma proposta de uma Sociedade mais  feliz para as maiorias.
Charles Fourier pensava que  a experiência era melhor que as revoluções: Por isso criou a idéia de que as pessoas deveriam viver em comunidade.O nome desta comunidade seria “Falanstério”. De acordo com o Filósofo Leandro Konder, Fourier pensava que os homens eram movidos por doze paixões radicais: Olhar, ouvir, cheirar, do paladar e do tato, aliada as paixões da amizade, do amor, da ambição, do sentimento de família e  a paixão  pela qual acrescenta a cabalista. A paixão cabalista é a que leva  o Ser Humano a se juntar a outro grupo  dentro da comunidade  e a fazer política, para levar vantagem em relação aos outros grupos, servindo-se inclusive, da fofoca. Além disso,  Fourier  escreve sobre a paixão da borboleta,que varia de flor e muda todo o tempo. Já a paixão radical  da compósita, significava para Fourier, um sujeito que coloca alguma causa ou ideal acima de seus interesses mais imediatos. Mas para Fourier havia uma paixão radical entre os Seres Humanos acima das demais:  a de querer juntar todas as demais paixões e vivê-las.
Dessa forma os Seres Humanos seriam muito mais felizes, viveriam por mais tempo e usufruiriam  de maiores prazeres. Assim chegariam juntos a Harmonia. Esta então seria a base  do “Falanstério”.
 Para Fourier “Se a vida fosse  organizada baseada na associação e no cooperativismo, todos poderiam desenvolver integralmente seus talentos”. O  último estágio do Ser Humano seria o Socialismo, onde seria especialmente concebido  para felicidade humana.
A última  socialista utópica que iremos nos referir é Flora Tristan.
A partir das Revoluções industriais, aumentou muito a incorporação das mulheres ao mercado de trabalho.  Com as agitações populares  ligadas a Revolução Francesa, as mulheres  também tiveram  ocasião de participar de acontecimentos marcantes  na vida política. Aprenderam a protestar nas ruas.
Aliado ao ambiente cultural do Romantismo que inaugurava o século XIX, que por sua vez, valorizava a expressão dos sentimentos e o testemunho sobre experiências vividas, legitimou  a voz emocionada das mulheres. Elas que eram mantidas em geral  longe da escola e não dominavam  a argumentação vivida no século XVIII pelos iluministas, puderam falar  o que sentiam, o que viviam.
Foram os primeiros movimentos socialistas ao lado da mobilização dos trabalhadores que estimulava a denúncia  das mulheres contra a  exploração capitalista e machista que para as mulheres,  caminhavam juntas.
 Entre o mundo particular e privado em que vivia,  a mulher Flora Tristan tinha  três filhas.
 Após a invasão de Napoleão na Espanha o pai da futura escritora morreu  em 1807. Seu pai era perruano,  Mariano deTristan,oficial do exército espanhol. Casado com  uma francesa de origem humilde que vivia na Espanha, Anne-Pierre viria  a ser mãe de Flora. Casaram-se em 1808 irregularmente driblando a burocracia e não se remetendo ao consulado francês napoleônico.O pai de Flora também não solicitou ao rei da Espanha autorização para casar. Viveram na França. Seu pai foi amigo  de um dos maiores revolucionários da América do Sul:  Simon Bolívar. Mas os anos seguintes da morte do pai de Flora seriam marcantes: Sua mãe grávida e sem moradia.A guerra entre Espanha e França atingiu a casa do “militar” e “espanhol” tido desta vez, como inimigo. A moradia de Flora com sua mãe grávida foi tomada pelo governo colonizador de Napoleão. Pagariam aluguel. Como? Flora perdeu seu  irmão de 9 anos. Viveram então num ambiente rural modestamente. Ao completar 15 anos,  Flora foi morar com sua mãe  em Paris numa rua suja e estreita durante a restauração monárquica.Neste período  Napoleão havia sido destituído do poder pela Dinastia dos Bourbons  da linhagem de Luis XVI. Era a reação monárquica. Não se aceitava  sequer uma constituição.
Flora  somava entre suas  obrigações privadas, o casamento  com Chazal, seu marido e eterno rival, de quem fugiu por toda vida. Com uma bala no peito, que Chazal atirou-lhe, lutou por divórcio: “O problema do casamento e dos filhos prendiam-na à esfera privada; os problemas  do socialismo lançavam-na  à esfera pública”.( Konder, 1994) O sonho de uma sociedade mais justa e igualitária, sobretudo para os operários e mulheres passava por uma ética cotidiana. Aliava teoria à sua Vida, que denominamos  práxis. E Flora se  auto intitulava: Pária! Metáfora da sua vida  e da exclusão das mulheres: Como ela mesma sublinhou: “O socialismo para as mulheres e o feminismo para o proletariado!” E contava com as lavadeiras na beira  dos rios... O desrespeito a intimidade  unia  ao socialismo numa só luta. Quando o amor e a ternura  se tornam obsoletas em relação  ao desejo egoísta  de satisfazer  o desejo e o lucro  a qualquer custo”. E completava: “Isolada uma luta  se torna fraca, saiam do isolamento e se unam.”

 Bibliografia:
 TRISTAN, Uma vida de Mulher,uma paixão Socialista", Relume Dumará,1994.
FOURIER, Charles. " Fourier, o Socialismo do prazer Ed. Civilização Brasileira, 1998
Chronos: Publicação Cultural da Uni - Rio Rio de janeiro - vol. 1 , n.1 (2006) Rio de Janeiro, UNIRIO,2006.

Patrimônio


De acordo com Instituto do Patrimônio Histórico e  Artístico Cultural - o IPHAN -  Patrimônio cultural se refer a um conjunto de manifestações, realizações e representações de um povo, ou de uma comunidade. Ele está presente em todos os lugares e atividades: nas ruas, em nossas casas, em nossas danças e músicas, nas artes, nos museus e escolas, igrejas e praças ou nos nossos modos de fazer, criar e trabalhar: No que escrevemos ou na poesia que declamamos, nas brincadeiras que organizamos, nos cultos que professamos. O patrimônio cultural faz parte de nosso cotidiano e estabelece as nossas identidades brasileiras que são muitas e se encontram em extinção: Como a nossa cultura popular e o nosso meio ambiente. É o patrimônio cultural que determina os valores que defendemos. Se cultivamos nossa identidade ou não, se nos curvamos a uma cultura externa e nos  esquecemos quem somos e de onde viemos, é que nos levará a extinção ou não. Isto identifica  de onde viemos, quem somos e para onde vamos. Quanto mais o país cresce e se educa, mais cresce e se diversifica o patrimônio cultural. O patrimônio cultural de cada comunidade é importante na formação da identidade de todos nós, brasileiros.
Já o Patrimônio material protegido pelo Iphan, com base em legislações específicas é composto por um conjunto de bens culturais classificados segundo sua natureza  em suas  formas: arqueológica, paisagística e etnográfica. Eles estão divididos em bens imóveis como os núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais e móveis como coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos.
Os bens culturais materiais tombados também são responsáveis pela abertura, guarda e acesso nos processos de tombamento, de entrada e de saída de obras de artes do país. Os Arquivos também emitem certidões para efeito de prova e inscreve os bens patrimoniais.
Quanto ao Patrimônio Cultural Imaterial, a Unesco define como  " as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural."
Já o  IPHAN identifica Patrimônio Imaterial transmitido de geração em geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.
De acordo com o presidente do IPHAN, Luiz Fernando de Almeida, “os jongos, violas, círios e ofícios são bens culturais vivos e mantidos pelas pessoas que os praticam. Preservá-los é valorizar seu conhecimento e ação. A salvaguarda desses bens está, portanto, orientada para a valorização do ser humano e para a melhoria das condições sociais, culturais e ambientais que permitem sua existência e permanência. Nossa enorme diversidade cultural, e que só chegará a bom termo se for compartilhada.”
Portanto o tombamento de um bem cultural  de determinada comunidade ou região preserva e impede que  as nossas riquezas naturais e culturais sejam  destruídas,  precisa ser defendido pelas comunidades  e também deve ser um ato administrativo realizado pelo Poder Público  e possui o objetivo de preservar, por intermédio da aplicação de legislação específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados pela onda globalizadora de por empresas  que se instalem e queiram acabar  com comunidades, tendo como objetivos, os benefícios econômicos  das grandes empresas estrangeiras que se aliam a governos e/ ou donos de grandes extensões de terra nos países em processo de recolonização nos dias atuais.
Disponível  em  http//portal.iphan.gov.br/ Pesquisado  dia  19/11/2011.

Marx e os 140 anos da Comuna de Paris


Dos que estudaram, denominaram e organizaram as idéias dos socialistas utópicos, além de colaborar com  algumas lutas do proletariado,  foram os socialistas denominados “científicos”, Karl Marx e Frederich Engels . O estudo de Marx e Engels  se referia  a experiência  da lutas do proletariado de 1848, da Revolução Francesa e da experiência mais concreta de 1871 – A Comuna de Paris.
Se consideravam comunistas pela  relação direta com a possibilidade  de pôr em prática um outro modelo de Sociedade que não fosse o Capitalista. O Comunismo seria um Sistema de governo  em que todos teriam direitos iguais. Mas Marx mostrou como chegar ao Socialismo. Isto diferenciava sobremaneira dos socialistas utópicos, que até então imaginavam, pensavam numa Sociedade melhor, mas não sabiam ao certo como chegar...
Marx valeu-se da dialética, ou seja, de como os trabalhadores  chegariam na prática ao socialismo,  e na sua fase  posterior: o comunismo. A dialética até hoje  é uma forma de pensar e agir na sociedade com vistas à transformá-la. O primeiro momento do pensamento dialético é a tese, o que pensamos primeiramente, àquilo que  faz sentido em nossos corações e mentes. O segundo momento é o de testar se este pensamento nos leva a uma percepção coerente  com a realidade: quando  questionamos os prós e os contras sobre  o que se passa em nossas mentes e corações. Assim  a reflexão não fica torta, é sim melhor estudada. A síntese é a ação: Como iremos agir no mundo,colocar nossas idéias em prática. Por isso Marx reinventa a dialética, pois antes  dos estudos de Marx , o pensamento não levava  a ação.Por isso suas idéias são revolucionárias, pois elas transformam a forma de pensar do Homem e proporciona a possibilidade das maiorias pensarem e  também agirem para melhorar suas condições.
  Marx  continuou sua formulação e chegou  a conclusão de que tudo que estudamos nos leva  a prática: ou deve nos levar. Ele se referiu  àquela ação que transforme, que melhore, que mude hor  a vida das maiorias pobres. Da mesma forma  que o pensamento leva  a ação a ação humana, levará a um melhor pensamento sobre como agir: Era a teoria do materialismo dialético.  Por isso,quando pensava sobre a História, não mais pensava nos feitos dos reis , heróis, impérios, religiões  e sim na ação dos homens comuns ,  a sua vida, seu trabalho, a pobreza: Era sobre os seus meios de produção – a técnica - e de como melhorar suas vidas,  a partir de uma base econômica: As relações de produção. Dessa forma, Marx propôs  uma forma de pensar a História das maiorias. Marx concluiu  que  nenhuma religião, governo ou sociedade, desde a antiguidade não foram observadas, estudadas da mesma forma ao longo do tempo: Mas em todos os momentos esta História foi marcada por opressores e oprimidos, que Marx identifica como luta de classes: 
O Materialismo Histórico estudado por Marx, fazia aparecer  as diferenças sociais.
Nesse sentido é  que  os bens retirados da natureza não favoreciam as maiorias e sim  aos donos da tecnologia e do dinheiro – a burguesia . A natureza, a tecnologia e o Homem foram definidos por Marx como forças produtivas.  Marx percebeu que não havia harmonia entre estas forças, pois os bens retirados da natureza com a força de trabalho humana e com o uso da tecnologia ( que ajudava a retirar mais da natureza e melhorar a vida das maiorias) só favorecia a quem era dono das forças produtivas: A burguesia. Já  a tecnologia,  a força de trabalho e o campo  foi expropriado das maiorias dos trabalhadores.
Marx então escreveu que só havia uma forma diante da História  das maiorias exploradas saírem da condição desumana que viviam sem acabar com a  natureza : O Comunismo.  Assim deveriam superar o Capitalismo que tem como principal meta, o lucro. Acabando com o lucro, a destruição da natureza acabaria, e o Homem  não seria mais explorado e poderia  viver em comum  como os demais Seres  Humanos, e em equilíbrio com a Natureza.
A Ditadura do Proletariado, ou a Democracia Socialista estudada por Marx  se deu a partir das lutas do proletariado em 1848, a Revolução Francesa de 1789, e principalmente com a Comuna de Paris  em 1871. Foi o primeiro exemplo de como poderia funcionar uma  Sociedade com princípios comunistas. Dos princípios mais importantes  da Comuna temos a separação da Igreja com o Estado,  as fábricas que passaram a ser  administradas pelos próprios operários, os funcionários do governo passaram a ser eleitos pela maioria com o mesmo salário do operário especializado, e o poder policial, ou seja, a polícia, foi abolida.
Estas medidas só foram possíveis a partir de um princípio: a Democracia Socialista, estudada por Marx.  A Democracia Socialista  significou  a experiência  da  maioria dos “ Comunards” que votavam cada medida após a tomada de Paris, e todos deveriam  pôr em prática:  ainda que individualmente ou a minoria não concordasse. Não seria mais uma sociedade governada pela minoria, ou por pessoas individualmente, mas pelas maiorias.  O termo  “Ditadura do Proletariado”  possui o mesmo sentido que “Democracia Socialista”. Devemos ter em mente que neste caso a Ditadura não se refere aos governos autoritários, do Socialismo soviético de Stálin,  nem de Hitler na Alemanha  do  século XX, mas   a uma possibilidade  de  Democracia Real, construída sem  os vícios e os discursos  prontos do século XX, mas  sim  onde e quando  surgiu, como aconteceu a idéia de uma Sociedade justa – A Comuna de Paris de 1871. Não é  a toa  que  no ano de 2011  a Comuna completa seus 140 anos e tem sido comemorada e estudada no mundo inteiro até os dias de hoje. Foram Ideais  experimentados  em 1871 e que são importantes para refletirmos sobre que Sociedade nós queremos e, quando, onde  e de que forma  elas surgiram.

Imperialismo, Colonização: E Barra de São João?


O termo Imperialismo entra para o vocabulário político europeu no século XIX. Na década de 1870 denomina-se  imperialismo os laços  que a Inglaterra  mantinha com as possessões coloniais e que depois  foram discutidos na Conferência de Berlim  em 1885. A finalidade era a Partilha da África, Ásia e Américas, para manter e alargar o domínio territorial, visando  aumentar  a produção e o lucro  destes países imperiais. São as raízes  dos regimes totalitários  e autoritários  e das guerras que desde  as colonizações darão ênfase  as primeiras grandes guerras  do século XX. Para nós se inicia em 1500.
 O Imperialismo é, pela sua essência econômica, o capitalismo monopolista. Isto determina  o lugar histórico do imperialismo, pois o monopólio, que nasce única e precisamente da livre concorrência, é a transição do capitalismo para uma estrutura econômica e social mais elevada  que  põe  em questionamento a livre concorrência capitalista.
 O monopólio  é um produto da concentração da produção . Formam  associações monopolistas dos capitalistas quando combinam que apenas uma determinada empresa  poderá comercializar  determinado produto.
 Já o Oligopólio  se refere a  um grupo de empresas monopolizadas  que se juntam diante  de uma crise  do Capitalismo. Aliam-se  para fortalecer-se  e concorrer com outros grupos econômicos  monopolizados, como  bancos, supermercados,  ou indústrias ,controlando  possíveis alternativas  de preços baixos para quem compra: o consumidor. Dessa forma, controlam as empresas  para que não diminuam  os preços de suas mercadorias.
 O Cartel corresponde a uma prática ilegal, e no entanto, muito comum  em nosso meio, e que fere o direito do consumidor. Ocorre a partir do encontro de empresas autônomas e independentes de um mesmo setor de atividade, como o supermercado por exemplo,  que discutem e depois estabelecem acordos para fixar preços praticados a fim de não existir diferenças nestes preços deixando o consumidor sem alternativa.Exercem também domínio na oferta de um determinado produto que apenas uma determinada empresa pode comercializar.
O importante aqui é a relação que o tema do Imperialismo possui com nossas vidas no dia-a-dia. A etnografia, por exemplo, nos permite este compromisso, pois se faz com a “descrição densa”  ou seja, o  detalhe e refinamento do estudo da História, com uma posição  holística, ou seja, de integração das diversas questões  que compõe  e relacionam entre si, como a  História da Europa, da África, e das Américas, que interligam-se. Podemos  contar asim  com um contexto Histórico.
Neste sentido, a Guerra colonial  que se desencadeia  no século XIX ,fazia parte dos conflitos nas fronteiras com as  posses coloniais pelos europeus desde o início da colonização em 1500 com diversas disputas econômicas por matérias-primas. Este foi o caso de Portugal com o Brasil , ou melhor, com as lutas contra o Império Português , que foi disputado com a França  objetivando a dominação colonial.
 Da mesma forma,  a colonização e conseqüentemente, o Imperialismo não aconteceu sem que houvesse resistência dos colonizados.
Em nossa região não foi diferente. Tivemos o exemplo da “Confederação dos Tamoios”.  A Confederação  Tamuya, como denominavam os indígenas, foi a reunião dos chefes índios da região do Litoral Norte paulista e sul fluminense que ocorreu entre 1554 e 1567.
O principal motivo da Confederação dos Tamoios, que reuniu diversos caciques, foi a revolta diante da ação violenta dos portugueses contra os índios Tupinambás, causando mortes e escravidão. Na língua dos Tupinambá "Tamuya" quer dizer "o avô, o mais velho, o mais antigo.
Nessa ocasião chegaram os franceses ao Rio de Janeiro. Villegaignon, o chefe francês, aliou-se aos Tupinambás para garantir sua permanência no Rio de Janeiro e ofereceu armas  para lutar contra os portugueses. Outra nação indígena, Termiminó, aliou-se aos portugueses contra os Tupinambás e os franceses, acirrando as disputas. Um surto de doenças, contraído pelo contato com o branco, dizimou centenas de índios, entre eles os  Cunhambebe. Aimberê foi o chefe escolhido após esta primeira derrota, e a luta continuou. Aimberê procurou o apoio de Tibiriçá e, juntos, combinaram lutar contra os portugueses num prazo de três luas. Acirrou-se assim a luta entre os Tupinambás e seus aliados contra os portugueses.
Quando observamos a resistência  à colonização que os indígenas enfrentaram como o exemplo aqui, podemos perceber que  não houve enfrentamento apenas entre os europeus, nem tampouco fomos massacrados sem defender nossa terra e nosso povo,  a História aqui passa pela observação de  que as reações  européias e seus tratados de dominação  não passaram  sem que houvesse  luta, defesa e resistência  contra  dominações coloniais, mas que estas resistências acontecem até os dias de hoje como o curta-metragem meown  também  nos  mostra através da resistência cultural.